No nosso mundo patriarcal, entende-se que um relacionamento amoroso tem que seguir uma norma, que no caso seria um homem e uma mulher. Sendo assim, somos ensinadas e incentivadas desde a infância que o “normal” é se relacionar com homem e nada além disso. Se aquela menina é heterossexual, tudo bem, mas se não é, ela pode acabar caindo em um fenômeno chamado “heterossexualidade compulsória”, que é quando uma mulher sáfica acaba se relacionando com homens porque é o ‘certo a se fazer’, por falta de conhecimento ou até por medo de se assumir.
Passando pela teoria, nós sentimos a necessidade de falar sobre nossas experiências nessa postagem.
Eu, Samanta, nunca tive um relacionamento amoroso e nem sexual com um homem, porém, como adolescente negra com um corpo que popularmente conhecemos como o da "mulata" (expressão racista), eu era extremamente hiper-sexualizada desde a infância. Isso fez com que eu quisesse ser desejada, tornando isso até mesmo uma forma de ter alto estima.
Aos 14 anos, eu sabia que era lésbica, mas por medo de me assumir e, demorei muito tempo para ficar com uma menina, isso porque, eu estava longe do padrão de beleza, as meninas pelas quais eu me interessava, se relacionavam apenas com meninas brancas. Então, por isso tive baixa estima e não acreditava que alguma mulher iria querer ficar comigo.
Comigo, Lauren, foi um pouco diferente. Eu me envolvi em relacionamentos com homens e eu sabia que não era aquilo que me faria feliz, mas eu continuava insistindo, em uma tentativa de que aquilo, talvez, fosse me agradar um dia. Eu me assumi tardiamente, com 19 anos, e quando o fiz, eu estava à beira de um colapso. O marco foi quando um em uma festa, com vários amigos e, de tempos em tempos, eu ia ao banheiro para chorar. Aos poucos, eu estava perdendo a alegria das pequenas coisas. Realmente é uma sensação que não desejo para ninguém. Terminei aquela relação, 48 horas depois já tinha me assumido para os meus amigos mais próximos (fui muito bem acolhida e incentivada) e, uma semana depois, já estava bem e feliz.
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